Reabilitação do viaduto ferroviário Martín Gil, Zamora, Espanha

Projetado pelo engenheiro Martín Gil em conjunto com Eduardo Torroja, o projeto original integrou uma inovadora estrutura metálica como parte da armação de betão. Esta estrutura foi soldada eletricamente, numa técnica pioneira para a época.

A intervenção atual dá resposta aos danos detetados na estrutura: fissuras, lascas e corrosão das armações. Com o objetivo de garantir a conservação e funcionalidade a longo prazo, os trabalhos incluem a reposição de pedras, limpeza de superfícies e reforço de elementos estruturais. A complexidade do terreno e as dimensões do viaduto exigiram soluções técnicas de grande precisão.

Um dos pontos-chave da obra é a utilização do Andaime Multidirecional BRIO, adaptado à complexa geometria da ponte para permitir o acesso a todas as zonas de trabalho: arco, pilares, tabuleiro e laterais do viaduto. A montagem é executada através de voos sucessivos, o que facilita o avanço dos trabalhos.

Esta estrutura modular proporciona versatilidade e segurança mesmo em áreas difíceis, como o troço entre o arco central e o pilar 7, onde foi construída uma passadeira de acesso desde o início do viaduto para transportar materiais. “Estamos a falar de cerca de 300 toneladas na obra. Trabalhar com elementos recuperáveis foi muito complexo, porque o betão contém uma estrutura metálica interior que limita muito a margem de perfuração”, explica Jose Manuel López, responsável pela Jokisu Montajes.

Parte desta passadeira assenta em consolas dispostas na base do pilar e serve de ligação entre estas, agilizando o ritmo de execução da obra. A flutuação do nível da água obrigou a redesenhar parte das soluções de acesso inicialmente previstas: “No projeto original, estava prevista uma passadeira, mas a realidade da albufeira mudou. Metade está apoiada no leito e a outra metade foi executada com treliças MK fixadas à sapata do pilar número 7, mesmo antes do arco central”, explica Olimpio Piñeiro, Coordenador de Montagens da ULMA.

Um dos desafios mais importantes foi adaptar a montagem do andaime a uma infraestrutura com geometria complexa, a zonas de difícil acesso e às condições variáveis da barragem como fator adicional. Neste contexto, o sistema modular MK foi fundamental. Especificamente, foi projetado um suporte de apoio, fixado na base do talão do pilar. A solução foi especialmente útil em áreas inacessíveis a partir do terreno, onde a instabilidade do reservatório impedia o apoio a partir do leito. Graças a esta solução, foi possível avançar nos trabalhos sem comprometer a estabilidade do viaduto.

Além disso, foram instaladas plataformas de trabalho a cada 2 m de altura, equipadas com corrimões e elementos de proteção coletiva. O sistema BRIO integra de série proteções como pés de segurança e corrimões que, juntamente com o uso de arnês de gancho duplo, garantem um ambiente de trabalho seguro.

As fixações do andaime, concebidas à medida em função da carga e da forma da ponte, variam entre sistemas com faces laterais a cada 4 m, amarração francesa reforçada, fixações especiais (fixações nas faces laterais do arco e tabuleiro e fixações verticais sob o arco), permitindo uma fixação segura em todas as secções. Na zona central, o andaime é suspenso da parte inferior do arco por meio de consolas e pranchas que permitem o acesso a toda a sua superfície.

Com esta intervenção, o viaduto Martín Gil prepara-se para continuar a fazer parte da paisagem de Zamora durante muitas décadas mais, mantendo vivo um legado de engenharia que marcou uma época. Juan de Dios, responsável pela obra da imesAPI, valorizou a colaboração com a ULMA: “Destacaria a seriedade, segurança e logística”.

Conheça todos os detalhes do projeto neste vídeo.